50 Anos de existência

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Florindo & Costa - Recordações vivas IV

Homenagem a um grande homem - Dr. José Henriques Vareda

Em criança frequentei a casa deste homem e da sua família, era como um filho, e sempre fui tratado com esse significado e com um amor inesquecível.
O Dr. Vareda, Marinhense (Marinha Grande) de gema, era uma personagem ilustre dos meios sociais marinhenses e leirienses.
Íntegro, humilde e um grande jurista. Aplicava a sua sabedoria, em maior parte dos casos ajudando pessoas mais desfavorecidas que requeriam os seus serviços. Nada lhes cobrava. Aprendi com este homem o significado da partilha, do amor pela sociedade, do amor por uma causa, pelo povo na sua plenitude.
Admirava a sua inteletualidade, admirava o seu tabuleiro de xadrez, disponível para as suas horas vagas. Um hobbie que refletia a verdade e a justiça que sempre clamava e reclamava.
Como eu gostava de o ouvir falar, pensava eu, quando for crescido quero ser um orador com estas capacidades.
Aprendi com ele como se podia fazer alguma coisa pela cidade, aprendi com ele o verdadeiro significado do associativismo e da cultura.
Um homem a quem os mestres encadernaram e embelezaram a sua imensa biblioteca. Num célebre dia 25 de Novembro de 1975 este homem foi alvo do maior atentado perpetrado na cidade de Leiria, e eu com os meus 7 anos assisti a chorar compulsivamente ao ataque ao seu escritório, situado do outro lado do rio, junto ao parque da cidade.
Foi ateado fogo ás suas obras, bem no meio da rua, obras que passaram pelas mãos dos mestres, muitas delas encadernadas sobre o anonimato, entre elas estavam muitas censuradas pelo regime. Não acreditava o que se fazia a este homem, ao seu património.
Destruíram em parte o espólio desta encadernação, e uma das mais belas bibliotecas da cidade de Leiria!
Este homem não merecia, e a nossa encadernação também não!

Carlos Simões

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