50 Anos de existência

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Homenagem a um Amigo - Alfredo Pena Catarino

Meu amigo querido, trinta anos de amizade, o que se falou de futebol, da nossa sociedade, da política dos políticos, sempre com aquela disposição que o caraterizava, e que fazia de si um Homem autêntico, capaz de ajudar aquele que mais precisava.
Não posso esquecer a véspera do seu acidente, fui consigo colocar o seu carro a funcionar na garagem, e quando se estava a passar a passadeira, avisou-me do perigo da mesma.
No dia seguinte é atropelado no mesmo sitio, fatídico o destino, não consigo esquecer isto!
Visitei-o no Hospital no dia seguinte, tinha fraturado o fémur, mas os seus 91 anos não perdoavam e existia o receio da operação. Estava bem disposto, e ainda se falou do nosso Benfica e do acidente. Ajudei-o a comer um pouco de pão do lanche.
Complicou-se o seu estado de saúde, e ontem estive uma hora a seu lado, olhando, rezando, sabendo que estava a despedir-me de si. Toquei-lhe diversas vezes no braço, carinhosamente. Saí da sala destroçado, mas sem a menor dúvida que terá um lugar merecido na outra vida, e que estará sempre presente no meu coração. Não consegui dormir, a pensar em si.
Obrigado no dia anterior ao acidente, oferecer-me o postal de coleção do nosso Papa Bento XVI durante a sua visita a Fátima.
Obrigado por mostrar-me a sua imensa e adorada coleção de selos e postais, de inestimável valor, e com  tanto carinho os tratava!
Obrigado por mostrar-me como somos fortes nos bons e maus momentos!
Obrigado pela sua inesgotável fonte de conhecimento de vida, um autêntico mestre que pretendo seguir!
Perdurará eternamente comigo, com os encadernadores seus vizinhos e que visitava frequentemente. Pelos trabalhos que estão na sua estante e que marcam uma época.
Choro, mas tenho a certeza, que o seu lugar é de destaque no espaço que todos nós um dia passaremos!
À hora que escrevo esta mensagem ainda não sei se partiu, mas um dia vou estar de novo consigo, prometo!
Obrigado meu amigo, Alfredo Pena Catarino!

Partiste meu amigo do coração, sinto já imenso a sua falta, naqueles preâmbulos em que se falava da vida, das dificuldades, do caminho a percorrer. Não esqueço todas as suas palavras, de incentivo, na esperança de um Mundo melhor, mais emblemático, aquele para que nós nascemos e que o merecemos.
Sinto saudades, da nossa resenha desportiva das segundas-feiras, do nosso Glorioso, das politiquices dos politiqueiros que nós não percebemos.
Nesta hora, ainda tenho muito para aprender consigo, por favor, deixe-nos algumas das suas experiências de vida de aproximadamente um século.
Estou disponível ainda para ajudar a arrumar a sua estante, de preciosidades que tive oportunidade de ver uma por uma.
O seu amor inesgotável, a sua caridade, a sua humildade, fazem de mim um homem mais maduro no enfrentar desta vida, da outra vida, da nosso próxima vida.
Naquele momento de quinta-feira passada, senti que ouvia a minha respiração, e tentei colaborar na minha respiração, no multiplicar do oxigénio para que pudesse respirar muito mais facilmente.
Não consegui fazer mais nada em casa, fiquei sem forças, mas relembrei a sua fé, e foi nessa fé em que depositei a minha esperança, em que o meu amigo seria acolhido principescamente no jardim dos bons, dos sábios,dos humildes, dos caridosos.
Não esquecerei, ficarei eternamente consigo no meu coração!

Carlos Simões

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